Em cenário de pandemia de coronavírus, o que os pacientes com câncer, com indicação de cirurgia, precisam saber?

Em cenário de pandemia de coronavírus, o que os pacientes com câncer, com indicação de cirurgia, precisam saber?

Por: ATUALIZADO EM: 18 maio 2021 | PUBLICADO EM: 20 mar 2020

Em algum momento do planejamento terapêutico, os pacientes com diagnóstico de câncer são submetidos à cirurgia. O procedimento pode ser postergado como medida de prevenção do Covid-19, deve levar em conta o perfil clínico do paciente e comportamento biológico do tumor

À medida que a epidemia de Covid-19 segue progredindo no Brasil, com possibilidade de interrupção das atividades cirúrgicas eletivas, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) vem pronunciar-se em relação ao diagnóstico e cirurgias de pacientes com câncer. A entidade sugere que nas próximas duas semanas as equipes de Oncologia se mobilizem para realizar o máximo de cirurgias possíveis, com segurança, de pacientes com tumores de comportamento biológico agressivo, em que o atraso possa causar prejuízo aos resultados de sobrevida pretendidos.

Mesmo com as medidas preventivas, de contenção da disseminação do novo coronavírus, a expectativa é de aumento da notificação de casos no país e, com isso, as unidades hospitalares deverão direcionar mais leitos para os pacientes com diagnóstico de Covid-19. Em razão disso, é fundamental, explica o presidente da SBCO, Alexandre Ferreira Oliveira, diferenciar as cirurgias emergências das urgentes e, com isso, postergar as cirurgias que, sendo realizadas daqui dois ou três meses, não comprometerão a saúde do paciente.

 

As cirurgias emergências não podem ser postergadas, pois a doença tem um comportamento mais agressivo e mais rápida progressão, como a maioria dos casos de câncer de pâncreas, fígado e vias biliares, estômago, cólon e reto, pulmão, ovário avançado, endométrio avançado e melanoma. “A definição desta priorização deve ocorrer considerando-se também o perfil molecular do tumor e a saúde geral do paciente”, explica Alexandre Ferreira Oliveira.

 

Já as cirurgias eletivas urgentes, com maior possibilidade de serem candidatas a serem postergadas, são as quais os tumores apresentam comportamento biológico mais favorável, como câncer de pele não melanoma, mama e próstata iniciais, lesões pré-malignas e precursoras de câncer, assim como procedimentos associados à reparação de sequelas relacionadas à doença. Deve ser considerado que os exames, realizados para doenças de baixa morbidade, talvez possam ser também postergados, mas essa decisão deve ser tomada caso a caso pelo médico e seu paciente.

Mais da metade dos pacientes são operados no SUS

Para 2020, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) são esperados 625 mil novos casos de câncer de 20201. Apenas no Sistema Único de Saúde (SUS),segundo o relatório Interfarma 2019 sobre jornada do paciente oncológico, foram realizadas 316 mi cirurgias no SUS em 2018, ano em que foram estimados 600 mil novos casos da doença2.

De acordo com o presidente da SBCO, Alexandre Ferreira Oliveira, 9 entre 10 pacientes oncológicos, no sistema público e privado, em algum momento do planejamento terapêutico é submetido à cirurgia, desde uma biópsia até procedimentos mais complexos e extensos. A SBCO orienta também que se redobre os cuidados pré e pós sobre higiene pessoal, assim como sejam adotadas precauções de contato e de isolamento social responsável.

Covid-19 e paciente com câncer

Em artigo publicado em fevereiro na Lancet Oncology os autores mostram que os pacientes com câncer podem ter um maior risco de COVID-19 do que indivíduos sem câncer. Além disso, destacam que pacientes com câncer tinham piores resultados clínicos quando diagnosticados também com o COVID-19.

Partindo destes dados, os pesquisadores sugerem estratégias para pacientes com câncer em meio à crise do COVID-19 e futuros ataques de outras doenças infecciosas graves. Além do adiamento de cirurgias eletivas para câncer estável, recomendam também postergar a quimioterapia para neoplasias menos agressivas.

Ressaltam a necessidade de reforçar a necessidade de adoção de medidas de proteção pessoal por parte dos pacientes com câncer ou sobreviventes de câncer, assim como a vigilância ou tratamento mais intensivo devem ser considerados quando pacientes com câncer estão infectados com Covid-19, especialmente em pacientes idosos ou com outras comorbidades.

Referências bibliográficas

1 – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020 : incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2019. 120 p.

2 – Interfamar 2010. < https://www.interfarma.org.br/public/files/biblioteca/cancer-in-brazil—the-patient-5C-s-journey-in-the-healthcare-system-and-its-social-and-financial-impacts-interfarma.pdf>. Disponível em 17 mar 2020.

3 – Liang W, Guan W, Chen R, et al. Cancer patients in SARS-CoV-2 infection: a nationwide analysis in China. Lancet Oncol. 2020;21(3):335–337.

Sobre a SBCO – Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira.

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