03 de março de 2021
Devido ao recrudescimento da epidemia de COVID-19 em determinadas regiões do Brasil, e preocupada com o tratamento dos pacientes com câncer a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) faz as seguintes recomendações:
- Fica clara a heterogeneidade dos momentos epidemiológicos vividos nas diversas regiões, estados e cidades e tal diferença deve ser levada em consideração para a definição de prioridades no atendimento da população. A SBCO recomenda agilidade na tomada de decisões por parte dos gestores para definir a alocação de leitos de forma dinâmica e em curto espaço de tempo. As definições adotadas nesta nota levam em conta as publicações da SBCO sobre o tema (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7519702/, https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7323393/ e https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32638914/) e o documento Vias Livres de COVID que pode ser consultado no site da SBCO.
- Regiões com falta de leitos em absoluto, o que inclui não somente leitos exclusivos para pacientes com COVID, mas também leitos regulares, se faz necessária a suspensão temporária de procedimentos eletivos. Mesmo nestas situações, as equipes oncológicas devem se manter atentas à manutenção dos procedimentos de urgência e emergência em câncer e a alocação de recursos e estrutura física para este fim deve ser diuturnamente pactuado com a gestão dos sistemas publico e privado.
- Regiões com lotação dos LEITOS EXCLUSIVOS PARA COVID, ainda que com leitos regulares disponíveis, mas com alta probabilidade de exaustão da estrutura hospitalar para o atendimento a outras patologias, considera-se prudente o adiamento de cirurgias oncológicas ditas eletivas essenciais (definidas como procedimentos cuja postergação por 2 a 8 semanas não implicaria mudança de prognóstico). Nestas situações (itens 2 e 3) reiteramos que os procedimentos oncológicos devem ser os últimos a serem suspensos e os primeiros a serem retomados frente ao risco de incremento de mortalidade que o atraso na realização destes procedimentos acarretará.
- Em regiões com alta ocupação de LEITOS EXCLUSIVOS PARA COVID, mas com disponibilidade de leitos regulares, medicamentos e oxigênio, sugerimos a manutenção das cirurgias de pacientes com câncer, visto que o atraso no tratamento já tem mostrado piora do prognostico de pacientes. Neste contexto e na possibilidade de a retaguarda de leitos de terapia intensiva se exaurir, a prioridade deve ser alocada a casos com menor demanda de UTI para o pós-operatório.
- Em regiões com baixa ocupação de LEITOS EXCLUSIVOS PARA COVID, recomendamos que as cirurgias de câncer sejam priorizadas imediatamente, tendo em vista que essas regiões podem ter uma piora da ocupação de leitos em um futuro próximo e poderão necessitar adiar cirurgia oncológicas.
Dentre os procedimentos eletivos que venham a ser suspensos, os procedimentos de câncer devem ser prioritariamente mantidos e, se suspensos, imediatamente retomados à medida que o dinamismo da ocupação e demanda por leitos melhorar.
Como as unidades de oncologia prestam importante serviço de acolhimento e cuidados em geral aos pacientes com câncer, recomendamos que TODOS OS SERVIÇOS ONCOLÓGICOS mantenham suas atividades de assistência voltadas para o momento epidemiológico descrito acima, ainda que de forma limitada, mesmo em locais com falta de leitos e em especial atenção aos pacientes em tratamento ativo. Dentro da organização destes serviços, a escala de suspensão de atividades deve estar direcionada aos casos em seguimento, seguido das atividades de rastreamento e prevenção e por fim, diagnóstico de casos sintomáticos e tratamento ativo. O conceito de vias protegidas para este estrato de pacientes se faz premente e deve ser mantido de forma ininterrupta durante toda a pandemia.
Para orientações específicas de manejo por patologias e procedimentos específicos, sugerimos o acesso às publicações da SBCO no