O Brasil é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde pela eficácia de suas políticas de controle do tabagismo adotadas ao longo das últimas décadas. Na contramão destas conquistas, alguns veículos da grande mídia do país noticiaram que a nicotina teria um fator protetivo contra a Covid-19. As matérias repercutiram um estudo francês que trazia graves falhas metodológicas.
Por meio desta nota, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO),Sociedade Brasileira de Patologia (SBP),Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) repudiam a cobertura midiática oferecida a este controverso estudo. O espaço dado a este tema está desalinhado com a histórica contribuição positiva do jornalismo brasileiro, que, em sua condição de formador de opinião e agente transformador, transmite à sociedade informações relevantes sobre prevenção de câncer, doenças cardiovasculares e de outros males causados pelo fumo.
ste documento foi construído a partir de uma reunião online, aberta ao público, realizada em alusão ao Dia Mundial sem Tabaco, data celebrada em 31 de maio. Neste encontro, as quaro entidades apontaram que as principais falhas metodológicas do estudo foram de seleção dos participantes (não incluiu pacientes graves, em UTI e a maior parte da amostra era de profissionais de saúde, grupo que tem baixa taxa de tabagismo),de potencial conflito de interesse (um dos autores já foi financiado pela indústria do tabaco) e o referido mecanismo que protegeria os fumantes de desenvolver sintomas e formas graves de Covid-19 é questionável, pois fumantes têm maior risco de infecção pelo vírus influenza (da gripe),além de por outros da família coronavírus, como o Sars e Mers, que usam o mesmo receptor (ACE2) para invadir as células.
Uma metanálise de 19 estudos científicos, que reúne um total de 11.590 pacientes com Covid-19, publicado na Nicotine & Tobacco Research, mostra que o risco de desenvolvimento da forma mais grave de Covid-19 é quase duas vezes maior entre os fumantes quando comparado aos não-fumantes. O tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano. Mais de 7 milhões dessas mortes são decorrentes do uso direto do tabaco e cerca de 1,2 milhão se deve ao fato de os não fumantes serem expostos ao fumo passivo.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Sociedade Brasileira de Patologia
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
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