Tabagismo leva a 8 entre 10 casos de câncer de pulmão, o mais letal no mundo

Tabagismo leva a 8 entre 10 casos de câncer de pulmão, o mais letal no mundo

Por: PUBLICADO EM: 24 maio 2021

O consumo de cigarro, narguilé, charuto, cachimbo e outras formas de consumo de tabaco é causa direta de 80% dos tumores malignos no pulmão, doença responsável por 1,8 milhão de mortes por ano, sendo quase 30 mil no Brasil. Doença é mais comum após os 65 anos

A epidemia de tabagismo é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou, matando mais de 8 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Mais de 7 milhões dessas mortes são o resultado do hábito de fumar, enquanto cerca de 1,2 milhão são o resultado da exposição de não fumantes ao fumo passivo. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS),em documento que avaliou o impacto global do cigarro, narguilé e outros formas de consumo de tabaco.

Quando o assunto é câncer, o mais fortemente associado com o tabagismo é o de pulmão. O tabagismo leva ao desenvolvimento de 85% dos casos tumores malignos no pulmão, doença que é a maior mortalidade por câncer no mundo. Foram registradas 1.794.144 mortes no ano passado por câncer de pulmão, segundo o levantamento Globocan 2020, realizado pelo IARC, braço de pesquisa sobre o câncer da OMS. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA),são registradas cerca de 30 mil mortes anuais por câncer de pulmão e são esperados para 2021 um total de 30.200 casos (17.760 em homens e 12.440 em mulheres).

De acordo com a OMS, mais de 80% dos 1,3 bilhão de usuários de tabaco do mundo vivem em países de baixa e média renda. O órgão afirma que todas as formas de consumo de tabaco são prejudiciais e não existe um nível seguro de exposição. Além do cigarro, o consumo também se dá por cachimbo de água (os chamados narguilés),charutos, cigarrilhas, tabaco de enrolar, tabaco para cachimbo, bidis (tipo de cigarro prensado em folhas secas de tendu ou temburmi) e kreteks (cigarro de cravo).

Mais comum em idosos O câncer de pulmão ocorre principalmente em pessoas mais velhas. A dos casos de câncer de pulmão ocorre a partir dos 65 anos. Porém, a doença pode acometer mais jovens, inclusive, com menos de 45 anos. De acordo com a American Cancer Society, a idade média das pessoas quando diagnosticadas é de cerca de 70 anos.

Causa bem definida, silencioso e negligenciado – O câncer de pulmão é um resultado de mutações que levam à doença em longo prazo, por danos causados por fatores de risco, com ênfase para o tabagismo e o etilismo. “Se todas as pessoas no mundo largarem o cigarro hoje, 8 entre 10 casos se câncer de pulmão deixariam de existir nos próximos anos. O cigarro é a maior causa evitável de morte no mundo”, afirma o cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO),Alexandre Ferreira Oliveira.

Um agravante que resulta no diagnóstico tardio da doença (o que ocorre em 75% dos casos) está o fato de, quase sempre, o fumante naturalizar os sintomas de tosse, pigarro e secreção, associando o ao ato de fumar. Isso faz com que ele negligencie a possível evolução de um tumor. “Em geral, o fumante está acostumado a lidar com estes sintomas, que são crônicos. Ele não o associa ao possível risco de câncer de pulmão. Além disso, quando um pulmão está afetado pelo tumor, o outro mantém o paciente vivo. Com isso o paciente vai tocando a vida mesmo com um pulmão já comprometido pela doença e isso atrasa ainda mais o diagnóstico”, observa.

As chances de sucesso no tratamento aumentam quando a doença é diagnosticada em fase inicial. De acordo com o levantamento SEERs, da American Cancer Society, quando a doença é descoberta ainda restrita ao pulmão a chance é de 59,8% do paciente estar vivo após cinco anos. A taxa de sobrevida em cinco anos cai para 32,9% quando a doença se espalhou para os linfonodos e, quando há metástase, a taxa é de 6,3%.

Sobre a SBCO – Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Alexandre Ferreira Oliveira (2019-2021).

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