Saiba mais sobre o câncer de vesícula biliar e das vias biliares

Saiba mais sobre o câncer de vesícula biliar e das vias biliares

Por: PUBLICADO EM: 06 fev 2025

câncer de vesícula biliar e o câncer das vias biliares são tumores gastrointestinais que tendem a se desenvolver, mais frequentemente, em pessoas idosas. Muitas vezes, se diagnosticados e tratados precocemente, podem ser curados. Para tanto, a cirurgia oncológica tem um papel imprescindível!

Neste artigo, reunimos as principais informações a respeito dessas neoplasias. Continue a leitura e conheça quais são seus fatores de risco, bem como sinais e sintomas. Veja, também, como é o diagnóstico e o tratamento.

Qual é o papel da vesícula biliar e das vias biliares?

As vias biliares são canais por meio dos quais ocorre o transporte da bile (produzida pelo fígado) para a vesícula. Elas compreendem ductos intra-hepáticos e extra-hepáticos, os quais ficam dentro e fora do fígado, respectivamente.

A vesícula biliar, por sua vez, é um pequeno órgão que armazena e controla a secreção da bile, durante o processo digestivo. Ela se localiza abaixo do lobo direito do fígado, conectando-se a ele e à via biliar, através do ducto cístico.

O que é o câncer de vesícula biliar? E o câncer das vias biliares?

A maior parte das neoplasias de vesícula biliar é formada por adenocarcinomas. Entre eles, destaca-se o adenocarcinoma papilar, o qual apresenta um prognóstico mais favorável do que os demais.

Além desses, existem outros tipos de câncer de vesícula biliar, os quais são menos incidentes. Tratam-se dos carcinomas adenoescamosos, dos carcinomas de células pequenas, dos carcinomas de células escamosas e dos sarcomas.

Em relação ao câncer das vias biliares, considerado uma neoplasia rara, o colangiocarcinoma é o tumor mais frequente. Trata-se de um tipo de adenocarcinoma que se desenvolve nas células glandulares. Dependendo da sua localização, ele pode ser intra-hepático, hilar ou extra-hepático (distal), próximo ao duodeno.

Quais são os fatores de risco associados às doenças?

Sabe-se que alguns fatores de risco aumentam, em maior ou menor grau, as chances de desenvolver neoplasias da vesícula e das vias biliares. É o caso de distúrbios como:

  • cálculos biliares, os quais provocam inflamação crônica;
  • cistos de colédoco;
  • pólipos na parede da vesícula biliar;
  • refluxo biliar;
  • colangite esclerosante primária;
  • consumo abusivo de álcool;
  • tabagismo;
  • cirrose hepática;
  • infecção pelo vírus da hepatite B ou C;
  • doença hepática gordurosa não alcoólica;
  • certas infecções parasitárias nas vias biliares, mais comuns no sudeste da Ásia;
  • obesidade;
  • diabetes; entre outros.

Quais são os sinais e sintomas mais recorrentes?

Os indícios do câncer de vesícula biliar e do câncer das vias biliares costumam surgir em estágios mais avançados da doença. Os mais frequentes são:

  • dor na parte superior direita do abdome;
  • náuseas e vômitos recorrentes;
  • pele, mucosas e olhos amarelados (icterícia);
  • nódulos do lado direito do abdome, palpáveis ou revelados em exames de imagem.

Além dessas, há outras possíveis manifestações do câncer de vesícula biliar e do câncer das vias biliares, ainda que sejam menos comuns. É o caso da perda do apetite, emagrecimento, febre, inchaço abdominal, desconforto estomacal (dispepsia), coceira intensa (prurido), fezes esbranquiçadas (acolia fecal) e urina escurecida.

Como é o diagnóstico nessas neoplasias?

Infelizmente, a minoria dos casos é diagnosticada em fases iniciais, quando a neoplasia ainda não se disseminou. Geralmente, tratam-se de tumores descobertos “ao acaso”, após a retirada da vesícula em função de outras patologias, como para tratar cálculos biliares.

Assim, tanto o câncer de vesícula biliar como câncer das vias biliares costumam ser diagnosticados em estágios avançados. Para isso, é preciso realizar diversos exames, incluindo tomografias computadorizadas ou ressonâncias magnéticas e a biópsia (análise anatomopatológica). Pode-se, também, realizar exames de sangue para verificar a presença de marcadores tumorais.

Para determinar o estadiamento, considera-se o tipo e a localização do tumor. Ao mesmo tempo, avalia-se se houve disseminação para os linfonodos próximos, bem como metástases à distância.

Como é o tratamento?

Uma vez confirmado o diagnóstico e o estadiamento, o/a oncologista responsável irá apresentar as opções de tratamentos. Essas são definidas considerando o quadro individual e, conforme o possível, as preferências dos pacientes.

Em geral, costuma-se combinar cirurgia e terapêuticas complementares, como radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo e/ou imunoterapia. Ao mesmo tempo, é comum haver a participação de nutricionistas, psicólogos e outros especialistas, para a promoção do cuidado integral ao paciente, por meio do tratamento multidisciplinar.

Abordagem do câncer de vesícula biliar

ressecção cirúrgica para tumores de vesícula biliar é considerada potencialmente curativa, principalmente quando há chances de removê-los por completo. Para tanto, costuma-se realizar uma colecistectomia radical, procedimento para retirada da vesícula biliar, de parte do fígado e dos linfonodos próximos. Além disso, se necessário, outros órgãos e estruturas próximas também podem ser ressecados.

Vale destacar que, apesar de ajudar no processo digestivo, a vesícula biliar não é vital. Portanto, é possível removê-la e ter uma vida normal.

Já quando o tumor está muito disseminado, sendo impossível removê-lo completamente, realiza-se a chamada cirurgia paliativa. Essa objetiva aliviar os sintomas e prevenir complicações, como a obstrução das vias biliares. É o caso, por exemplo, da colocação de um cateter em um ducto biliar bloqueado pelo tumor, permitindo-o se manter aberto para que a bile flua normalmente. Há, também, a administração de medicações para controle da dor, prevenção de náuseas e outras condições, visando preservar a qualidade de vida.

Vale destacar que, para definir o melhor tipo de cirurgia, o/a cirurgião/ã faz uma videolaparoscopia de estadiamento. O exame possibilita determinar até que ponto o tumor se disseminou e se é possível, ou não, ressecá-lo completamente.

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Abordagem do câncer das vias biliares

Para tumores de vias biliares intra-hepáticos ressecáveis, pode-se recomendar a hepatectomia parcial, ou seja, a retirada de parte do fígado. A abordagem, muitas vezes combinada à linfadectomia (remoção dos linfonodos próximos),tem potencial curativo.

Além disso, para tumores intra-hepáticos ou perihiliares em estágio inicial, existe a possibilidade de retirar o fígado e os ductos biliares e, em seguida, transplantar o fígado de um doador. No entanto, mesmo para pacientes elegíveis, receber um novo fígado não é uma alternativa terapêutica frequente, pois existem poucos órgãos disponíveis para o tratamento de doenças neoplásicas.

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Para os tumores dos canais biliares extra-hepáticos, geralmente, indica-se a gastroduodeno-pancreatectomia, ou seja, a remoção de parte do pâncreas, das vias biliares e dos gânglios. A cirurgia paliativa (derivação biliar) ou drenagem externa da via biliar, por sua vez, são indicadas para aliviar os sintomas e prevenir ou, até mesmo, tratar, complicações em casos irressecáveis.

Como é a recuperação pós-operatória?

Os riscos e os possíveis efeitos colaterais dependem do tipo de procedimento realizado e do estado de saúde geral do paciente. Dependendo da extensão, as cirurgias para tratamento do câncer de vesícula biliar e do câncer das vias biliares podem exigir várias semanas de recuperação. Por isso, é preciso se programar e contar com uma rede de apoio.

Nos primeiros dias após o procedimento, a maioria dos pacientes apresenta dor na(s) incisão(ões),o que é controlado com o uso de medicamentos analgésicos. Além disso, uma vez que há o envolvimento de órgãos digestivos, é necessário respeitar as restrições e orientações quanto à alimentação.

Quais são as chances de cura?

As chances de cura do câncer de vesícula biliar e do câncer das vias biliares estão diretamente associadas ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado. Esse, como mostrado, costuma exigir a realização de cirurgia e, muitas vezes, terapêuticas complementares.

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