Diante de um diagnóstico de câncer, muitas incertezas e inseguranças podem passar a fazer parte da rotina do paciente. A doença ainda está envolta em mitos e tabus. Por isso, é fundamental conhecer mais sobre a especialidade Cirurgia Oncológica para entender qual é o papel desse profissional no tratamento do câncer.
Para tanto, reunimos as principais perguntas que recebemos nos consultórios — e que se repetem na internet — e respondemos a cada uma delas. Siga conosco para esclarecer suas dúvidas sobre o tratamento e o trabalho do cirurgião oncológico e sua equipe.
Principais dúvidas sobre a especialidade cirurgia oncológica
A apreensão com relação às cirurgias oncológicas é muito comum. Isso porque o procedimento se diferencia de outros tipos de intervenções, especialmente com relação à necessidade de garantir a remoção de tecidos doentes e agir para minimizar a possibilidade de recidivas do câncer.
A seguir, você pode conferir as respostas para as dúvidas mais recorrentes sobre esse tratamento.
O que é a cirurgia oncológica?
A cirurgia oncológica é um dos tratamentos mais importantes e eficazes no tratamento do câncer. Ela pode ter mais do que uma finalidade. Os tipos de cirurgia oncológica se dividem de acordo com seus objetivos, que são: diagnóstico, prevenção, tratamento e reconstrução.
O profissional que se especializa em Cirurgia Oncológica se torna especialista em tumores. Isso significa que é capaz de atuar não só na prevenção ou diagnóstico, mas também têm conhecimento sobre os prováveis padrões de evolução de um tumor – seja ele benigno ou maligno. Assim, pode encontrar as melhores condutas de tratamento, pautado neste conhecimento.
O cirurgião oncológico é preparado para realizar cirurgias de alta complexidade, acompanhado por um patologista, que favorece o resultado do diagnóstico histológico. Além disso, atua em conjunto com oncologistas clínicos, radioterapeutas e profissionais de áreas subjacentes, importantes para o tratamento da doença.
Quando a cirurgia oncológica é indicada?
A princípio, segundo o presidente da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica),Dr. Héber Salvador, a cirurgia oncológica é indicada para quase todos os pacientes com tumores sólidos. No entanto, há alguns tipos de câncer que não podem ser tratados por meio da cirurgia, como o de canal anal.
De acordo com a publicação, a cirurgia pode ser a única forma de tratamento (dispensando a quimioterapia ou radioterapia) para cerca de 59% dos casos de cânceres descobertos em estágio inicial.
Então, a indicação para a cirurgia oncológica depende do tamanho e estágio do tumor, além das condições de saúde do paciente. Em geral, para os pacientes com estado nutricional ruim, alterações cardíacas, pulmonares ou renais, é preciso melhorar esse quadro antes da cirurgia.
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Como é feita a cirurgia oncológica?
Ainda hoje, no Brasil, a técnica mais utilizada é a cirurgia aberta. Na prática, o procedimento consiste na intervenção no órgão onde o tumor está instalado para sua remoção e tratamento profilático das áreas ao redor.
A videolaparoscopia é uma forma menos invasiva, que pode ser muito eficaz em alguns tips de câncer. Ela é realizada a partir de pequenas incisões suficientes para a passagem dos instrumentos cirúrgicos, entre eles uma câmera que transmite imagens em tempo real para a equipe. No entanto, ainda não está disponível para pacientes do SUS, o que tem sido uma reivindicação constante da SBCO.
Mas existem outros métodos, como a cirurgia robótica, a criocirurgia, entre outras técnicas. Contudo, a forma de realização depende, principalmente, do tipo de tumor e do estágio da doença, que devem ser avaliados cuidadosamente por um especialista.
Os principais benefícios da cirurgia por videolaparoscopia são:
- Menor risco de hemorragias;
- Rápida recuperação do paciente;
- Diminuição das chances de complicações e
- Menor incidência de dor pós-operatória.
Existe algum risco envolvido?
Como todo procedimento cirúrgico, para a cirurgia oncológica também pode haver riscos, sobretudo relacionados ao estado de saúde do paciente. Os fatores que aumentam o risco operatório em pacientes com câncer incluem:
- Idade avançada;
- Presença de comorbidades;
- Debilitação resultante do próprio câncer;
- Má nutrição.
Essas condições podem prejudicar a recuperação da cirurgia, levando a distúrbios de coagulação, risco de sepse e hemorragia. Por isso, é fundamental contar com uma avaliação pré-operatória cautelosa, realizada por um especialista em cirurgia oncológica e apoiada por uma equipe multidisciplinar.
Qual o cuidado pré-operatório e pós-operatório?
Como mostramos acima, a cirurgia oncológica exige cuidados tanto no pré quanto no pós-operatório. Antes do procedimento, o paciente passa por todos os exames pré-operatórios convencionais. A partir deles, é feita uma avaliação geral, incluindo seu estado nutricional, para afastar ou controlar doenças pré-existentes.
O pós-cirúrgico, entretanto, pode ser mais rigoroso do que em uma cirurgia comum. Na oncológica, são adotadas medidas para acelerar a recuperação. Além dos cuidados com a recuperação da intervenção propriamente dita, o paciente também recebe atenção de uma equipe multidisicipliar, com cuidados de enfermagem, acompanhamento psicológico e, quando necessário, apoio à recuperação das funções dos órgãos — como fonoaudiologia ou fisioterapia, dependendo do caso.
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Quais os profissionais envolvidos?
Um diferencial deste tipo de procedimento é que o cirurgião oncológico não atua sozinho. No tratamento do câncer, a abordagem multidisciplinar é priorizada. A formação de uma equipe multidisciplinar qualificada é essencial desde o preparo pré-operatório.
O cirurgião faz o procedimento cirúrgico, mas precisa do apoio do time engajado no melhor resultado. Em geral, essa equipe é composta por profissionais das seguintes áreas:
- Enfermagem;
- Medicina;
- Odontologia;
- Psicologia;
- Nutrição;
- Fisioterapia;
- Fonoaudiologia e
- Serviço social.
Qual a formação do profissional especializado em cirurgia oncológica?
A formação de um cirurgião oncológico envolve, atualmente, 11 anos de estudos. Somados aos 6 anos da faculdade de medicina, vêm mais 5 anos de formação específica em cirurgia. Essa especialização se inicia com o ingresso na residência médica em cirurgia geral, que tem 2 anos de duração, seguidos de uma subespecialização. No caso da subespecialização da cirurgia oncológica, são 3 anos de formação.
Durante esse período, o futuro cirurgião oncológico se torna apto para a abordagem de tumores de todas as áreas do corpo, aprende a tratar os pacientes de forma global, atuando em sincronia com o oncologista clínico e outros profissionais envolvidos no combate ao câncer.
Esse especialista é crucial para o sucesso do tratamento e redução das estatísticas negativas da doença, por meio da difusão de informações e atuação na prevenção e controle do câncer.
Por isso, a SBCO atua no sentido de fortalecer e melhorar a atuação do cirurgião oncológico em todo o país. No 2º Fórum de Ensino e Defesa Profissional da SBCO, que realizaremos nos dias 24 e 25 de março em Brasília, vamos debater melhorias e sugestões, criar alinhamentos para atuação e formação dos nossos profissionais e discutir questões relevantes para a especialidade.
A inscrição é gratuita e todos os membros da SBCO poderão participar! Em razão das medidas protetivas de segurança contra a Covid-19, as vagas são limitadas. Fique atento às redes sociais da SBCO para ser informado sobre a abertura das inscrições:
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