Você sabia que o surgimento de manchas, feridas ou outros sinais, que não melhoram em poucos dias, podem ser sintomas de câncer de boca? Essas manifestações ocorrem em qualquer parte da cavidade oral, incluindo lábios, língua, gengivas, bochecha interna, palato (céu da boca),glândulas salivares e garganta.
Neste artigo, citamos 16 possíveis sintomas dessa neoplasia. Além disso, explicamos quando procurar ajuda médica, como é o processo de diagnóstico e como é o tratamento, em caso de confirmação da doença. Confira!
Como é a incidência do câncer de boca?
O câncer de boca, também chamado de câncer de cavidade oral ou câncer de lábio, é um dos principais tipos de cânceres de cabeça e pescoço. O número estimado para 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA),é de 15.100 novos casos da doença no Brasil.
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Se não forem considerados os tumores de pele não melanoma, o câncer de boca ocupa a oitava posição entre as neoplasias malignas mais frequentes. Ainda que possa acometer pessoas de todos os gêneros e idades, trata-se de uma neoplasia prevalente em homens com mais de 40 anos.
O que aumenta o risco de desenvolvê-lo?
Entre os/as portadores da doença, registra-se um predomínio de casos em tabagistas e etilistas. Um aspecto relevante é que o risco é consideravelmente potencializado naqueles que associam cigarro e álcool.
No caso do fumo, especificamente, as chances de surgimento de um tumor aumentam conforme o tempo de fumante e o número de cigarros consumidos por dia. Isso vale independentemente do tipo de fumo, seja cigarro comum, cigarro de palha, charuto, cachimbo, narguilé ou mesmo o tabaco mascado. Na prática, quem fuma apresenta uma predisposição muito maior para o desenvolvimento de tumores na boca e faringe, quando comparado a não fumantes.
Quanto às bebidas alcoólicas, sabe-se que o acetaldeído (principal metabólito do álcool) interrompe a síntese e o reparo do DNA. Com isso, favorece o aparecimento de células cancerígenas.
E tem mais! Pessoas que consomem bebidas alcoólicas em quantidades elevadas tendem a ter dietas carentes de alguns nutrientes importantes. Isso, por sua vez, aumenta a susceptibilidade dos tecidos-alvo aos efeitos carcinogênicos do álcool.
Fora isso, outros fatores relacionados são a obesidade, a infecção pelo HPV (papilomavírus humano) e a imunossupressão. Além disso, sabe-se que a exposição constante e/ou prolongada ao sol, sem o uso de filtro solar, é o principal causador de câncer de lábios.
Quais são os sintomas da doença?
Os sinais e sintomas de câncer de boca são diversos e variam conforme o tipo, a localização e o estágio do tumor. São exemplos:
- dor na cavidade oral que nunca melhora;
- ferida ou lesão com sangramento que não cicatriza;
- nódulo ou inchaço na parte interna da bochecha;
- manchas (esbranquiçadas ou avermelhadas) na língua, gengivas, amígdalas, céu da boca e/ou mucosas bucais;
- sensação de estar com algo preso na garganta;
- dificuldade para movimentar a mandíbula e mastigar;
- dificuldade para movimentar a língua, falar e engolir;
- dormência na língua ou em outras estruturas da cavidade oral;
- inchaço na mandíbula (o que provoca desconforto ao usar dentadura, por exemplo);
- sensação de próteses dentárias mal ajustadas e, consequentemente, desconfortáveis;
- enfraquecimento dos dentes;
- dor ao redor dos dentes;
- rouquidão permanente ou alterações no tom de voz;
- nódulo ou massa palpável no pescoço;
- perda de peso sem motivação aparente;
- e, até mesmo, dor no ouvido.
O que fazer em caso de suspeita?
Pode-se notar que muitos dos sinais e sintomas de câncer de boca são, também, comuns a outras condições — a maioria delas, benignas. Por isso, apresentar uma ou mais manifestação não significa estar com a doença.
Trata-se, no entanto, de um importante sinal de alerta, que precisa ser investigado. Vale lembrar, aliás, que o câncer bucal tende a se agravar rapidamente.
Por isso, se apresentar qualquer um desses incômodos por mais do que 15 dias, não perca tempo e procure um/a médico/a (como clínico geral, estomatologista ou otorrinolaringologista) ou um/a dentista. Dessa forma, pode-se diagnosticar a origem do problema e, se necessário, dar início ao tratamento o mais precocemente possível, favorecendo o prognóstico.
Como é feito o diagnóstico?
A descoberta do câncer de boca pode se dar “por acaso”, como quando o/a especialista identifica alguma alteração na cavidade oral, em uma consulta padrão, e solicita sua análise. No entanto, na maioria das vezes o diagnóstico parte da investigação motivada pelos sinais e sintomas apresentados pelo paciente.
Assim, quando a avaliação física e o histórico clínico levantam a suspeita de neoplasia, o/a médico/a responsável irá solicitar exames voltados à região da cabeça e pescoço. São eles:
- laringoscopia e faringoscopia indireta, realizadas com o auxílio de pequenos espelhos, para visualizar a base da língua, a garganta e parte da laringe (feitas no próprio consultório médico);
- laringoscopia e faringoscopia direta, também feitas no consultório, com o uso de um endoscópio flexível inserido via boca ou nariz, para avaliar regiões que não podem ser observadas no exame indireto;
- panendoscopia, um procedimento realizado em centro cirúrgico, que combina laringoscopia, esofagoscopia e, por vezes, broncoscopia, permitindo examinar a cavidade oral, a região da orofaringe, o esôfago, a traqueia e os brônquios.
Caso os exames revelem lesões ou outros achados suspeitos, realiza-se uma biópsia. A coleta da amostra que irá para a análise laboratorial pode ser por meio de uma:
- citologia esfoliativa, com a raspagem da superfície da área suspeita;
- biópsia incisional, através da ressecção de pequenas porções de tecido;
- biópsia aspirativa por agulha fina (PAAF), por vezes, guiada por tomografia computadorizada (TC).
Ao término do estudo histopatológico, pode-se descartar ou confirmar a suspeita. No último caso, identifica-se, também, o tipo de tumor e seu estadiamento (grau de disseminação pelo organismo).
Quais são as opções de tratamento?
Na maioria das vezes, o tratamento para o câncer de boca é cirúrgico. A cirurgia oncológica atua tanto nas lesões menores quanto maiores, que necessitam de ressecções mais profundas.
Saiba mais em: Como é realizada a cirurgia para câncer de boca?
Normalmente, a cirurgia para esse tipo de neoplasia consiste em retirar uma ou mais áreas da cavidade oral, juntamente com a remoção, ou não, dos linfonodos do pescoço. Além disso, pode ser seguida, ainda, de alguma técnica de reconstrução, quando necessário.
Em cirurgias de grande porte, pode-se recomendar, também, a ressecção de segmentos ósseos. Mas, é importante lembrar que, dependendo do quadro individual, outros procedimentos podem ser incluídos, objetivando o restabelecimento da área atingida.
Assim, para os casos mais simples, apenas a remoção da lesão será suficiente. Entretanto, nos casos em que a cirurgia não é viável, por ser uma opção agressiva demais ao/à paciente, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia.
De qualquer forma, para decidir sobre o melhor a ser feito, é preciso consultar o/a cirurgião/ã oncológico/a de cabeça e pescoço. Cabe ao especialista avaliar o estágio da doença, juntamente com a solicitação de exames específicos, para indicar a técnica mais assertiva.
O câncer de boca tem cura?
Sim! Felizmente, quando precocemente diagnosticado e adequadamente tratado — geralmente, com cirurgia —, as chances de cura do câncer de boca aumentam consideravelmente. Por isso, por mais generalistas que sejam os sintomas, caso os apresente e não perceba uma melhora rápida, procure ajuda médica o mais breve possível!
Para encontrar um/a cirurgião/ã oncológico/a, utilize a ferramenta de busca online da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Nosso banco de dados conta com diversos membros, distribuídos em todas as regiões do país!