O desenvolvimento de metástase pulmonar ocorre em 20 a 54% das pessoas acometidas com neoplasias extratorácicas. Tratam-se, muitas vezes, de pacientes com tumores primários em estágio avançado. Nesses casos, o tratamento padrão é a ressecção cirúrgica não apenas do câncer original, mas também do metastático — metastasectomia, por vezes, associada a outras terapêuticas.
Neste artigo, explicamos como é a cirurgia de metástase pulmonar, quando o procedimento é indicado e que tipo de especialista pode realizá-lo. Confira!
Como é a cirurgia de metástase pulmonar?
A cirurgia de metástase pulmonar tem, a princípio, objetivo curativo e visa a melhora da sobrevida. Para tanto, o procedimento deve promover a ressecabilidade completa das lesões existentes e das margens de segurança. Ao mesmo tempo, deve preservar, ao máximo, a integridade anatômica do parênquima pulmonar (alvéolos, onde ocorrem os processos de trocas gasosas).
A técnica que melhor atende a esses requisitos é a metastasectomia habitual, com ressecções em cunha e margem cirúrgica de 5 a 10 mm. Ela é indicada quando a metástase pulmonar apresenta nódulos periféricos e superficiais.
Já para nódulos menores e mais profundos, pode-se realizar a enucleação. Outra possibilidade são as ressecções com laser ou eletrocautério.
Em lesões maiores e/ou localizadas na porção central do órgão, pode-se indicar as segmentectomias e lobectomias. As ressecções ainda mais alargadas e as pneumonectomias são extremamente raras, indicadas em casos muito críticos e específicos.
Em relação aos acessos cirúrgicos, há várias alternativas possíveis. O tipo de incisão depende da localização, quantidade e lateralidade das lesões, bem como dos “caminhos” utilizados em eventuais abordagens prévias.
A incisão padrão, empregada na maioria dos casos de metástase pulmonar, é a toracotomia póstero-lateral clássica. Ela possibilita que o(a) cirurgião(ã) realize todas as ressecções necessárias preservando ao máximo a integridade das estruturas.
Porém, como mencionado, existem outras técnicas. É o caso da esternotomia mediana, da toracotomia anterior bilateral com secção esternal transversa (chamada incisão de Clamshell),da videotoracoscopia e da cirurgia torácica video-assistida.
Quando é indicado realizar terapêuticas complementares?
Dependendo do tipo de câncer primário, pode-se indicar a quimioterapia neoadjuvante, ou seja, realizada previamente à cirurgia. Nesses casos, objetiva-se reduzir o tamanho e a agressividade das lesões pulmonares secundárias, tornando a metastasectomia menos extensa e favorecendo sua eficácia. É o caso, por exemplo, de metástases pulmonares de osteossarcomas, de tumores testiculares de células germinativas, entre outras.
Já a radioterapia no tratamento da metástase pulmonar tem uso infrequente e resultados mais restritos. Seu benefício se limita ao alívio de sintomas e ao tratamento de ressecções incompletas de lesões muito grandes (cirurgia paliativa, indicada em situações extremas).
Em quais casos o tratamento cirúrgico é indicado?
Estudos mostram que a maioria dos pacientes submetidos à cirurgia de metástase pulmonar têm um melhor prognóstico, com aumento da sobrevida. No entanto, entre todos os portadores de metástase pulmonar, a cirurgia é indicada para uma seleta minoria, com base em critérios de seleção bem definidos.
Os demais costumam ser impedidos de realizar o procedimento por impossibilidade de remoção completa dos tumores ou por evidências de disseminação sistêmica do câncer. Assim, os critérios de seleção mais frequentemente utilizados para a indicação do tratamento cirúrgico são:
- potencial de ressecabilidade completa da doença metastática (lesões difusas são, via de regra, impossíveis de serem totalmente ressecadas, já nódulos ou massas individualmente identificáveis são aptos à ressecção);
- risco cirúrgico tolerável, ou seja, ter a função cardiorrespiratória preservada a ponto de permitir a ressecção planejada sem colocar o paciente em risco;
- tumor primário controlado ou controlável, sendo adequadamente tratado antes da metastasectomia;
- não apresentar sinais de metástases extra-pulmonares no momento da cirurgia, o que é determinado por meio de um estadiamento altamente preciso;
- não ter à disposição nenhuma outra forma de tratamento considerada mais eficiente do que a cirurgia.
Que especialista está apto a realizar o procedimento?
O(a) cirurgião(ã) oncológico(a) é o(a) especialista que conduz o procedimento, visando extinguir a doença e aumentar a sobrevida. Trata-se de um profissional médico especializado presente em todas as etapas do tratamento (desde o diagnóstico),cuja atuação se dá em conjunto com uma equipe de saúde multidisciplinar.
Para concluir, a cirurgia de metástase pulmonar tem um impacto positivo na sobrevida dos pacientes. Isso, desde que contemplada a remoção de todos os focos da doença, preservando ao máximo o órgão.
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