Como funciona o transplante de órgãos no Brasil?

Como funciona o transplante de órgãos no Brasil?

Por: PUBLICADO EM: 04 set 2024

Você sabe como funciona a doação e o transplante de órgãos no Brasil? Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre a importância de doar órgãos e tecidos. A comemoração é prevista em lei e visa estimular a doação. Então, aproveitando a campanha, vamos entender um pouco mais sobre o tema.

Neste artigo, explicamos os principais aspectos a respeito. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!

Quais órgãos e tecidos podem ser doados?

A doação de órgãos ou tecidos consiste na retirada dessas estruturas de pessoas vivas, ou falecidas recentemente, para o emprego em outras. São considerados como potenciais doadores os indivíduos saudáveis mortos em decorrência de acidentes, bem como os que faleceram em decorrência de doenças que não afetam o(s) órgão(s) a ser(em) doado(s).

Assim, é possível doar diversos órgãos (rins, coração, pulmão, fígado, pâncreas e intestinos) e tecidos (tendões, válvulas cardíacas, ossos, músculos, medula óssea, córneas, veias e pele). O processo — gratuito e previsto em Lei — pelo qual um órgão ou tecido sadio passa do doador para o receptor (pessoa doente) é denominado transplante.

Trata-se de um procedimento cirúrgico complexo, realizado em centros de referência na área. O objetivo do procedimento é substituir órgãos e tecidos que não podem mais cumprir sua função adequadamente, de forma irreversível, visando salvar vidas. Dessa maneira, pode ser realizado, por exemplo, diante de quadros de insuficiência cardíaca, renal ou pulmonar.

Vale destacar que o transplante de órgãos no Brasil é considerado referência mundial, sendo o Sistema Único de Saúde (SUS) responsável por cerca de 95% dos procedimentos no País. Em relação ao número total de transplantes realizados, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos e da China — os maiores transplantadores mundiais.

Um dado importante é que o período entre a retirada do órgão, transporte, preparo do receptor e a cirurgia de transplante, propriamente, costuma ser de apenas algumas horas. Em alguns casos, no entanto, as estruturas podem ser mantidas resfriadas por alguns dias.

Como funciona o transplante de órgãos no Brasil?

A legislação em vigor determina que a família é responsável pela decisão de doar, ou não, os órgãos de entes falecidos. Tratam-se, geralmente, de pacientes assistidos em unidades de terapia intensiva (UTI),com diagnóstico de morte encefálica.

Já os doadores vivos são pessoas maiores de idade e consideradas capazes juridicamente. Eles podem decidir doar seus órgãos (um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte dos pulmões) a familiares ou a outras pessoas. No último caso, entretanto, exige-se uma autorização judicial prévia.

Uma vez efetivada a doação, a Central de Transplantes do respectivo Estado é comunicada e, com base na lista de espera, seleciona os receptores mais compatíveis. A escolha final passa por critérios como compatibilidade, tempo de espera e urgência do procedimento.

O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é a instituição responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo doação e transplante de órgãos no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO),existem cerca de 400 equipes médicas cadastradas para a realização desses procedimentos no País.

O procedimento pode ser indicado no tratamento do câncer?

Sim, mas com indicações bastante restritas. O transplante de órgãos ou tecidos pode ser uma alternativa, por exemplo, para o tratamento de:

  • leucemia (câncer nos glóbulos brancos, as células de defesa do sangue),para casos graves, por meio do transplante de medula óssea;
  • linfoma (câncer originado no sistema linfático),também para casos graves, por meio do transplante de medula óssea;
  • mieloma múltiplo (câncer que acomete células chamadas plasmócitos, ligadas à produção de anticorpos),para casos avançados, por meio do transplante de medula óssea;
  • câncer de fígado, no caso de tumores pequenos e localizados, mas que provocam o grave comprometimento da função hepática, ou de tumores que não podem ser removidos, devido à localização.

No Brasil, as indicações de transplante hepático (TH) para neoplasias hepáticas segue as determinações do Regulamento Técnico do SNT. Esse busca aperfeiçoar o processo de supervisão e controle das listas de potenciais receptores, estaduais, regionais e nacional, bem como garantir a equidade e a transparência na distribuição de órgãos.

Pacientes portadores de tumores hepáticos malignos candidatos ao TH são incluídos como “situação especial” frente à Legislação de Transplantes do SNT. Assim, só poderão ser submetidos ao TH após a apreciação e parecer favorável de câmara técnica especializada, obedecendo os critérios de diagnóstico, estadiamento e prazo de validade dos exames.

Para concluir, esperamos que suas dúvidas sobre a doação e o transplante de órgãos no Brasil tenham sido esclarecidas. Felizmente, trata-se de um procedimento com elevadas chances de sucesso, sendo capaz de salvar muitas vidas!

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Autor:
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica – SBCO é uma sociedade civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, fundada em 31 de maio de 1988, cuja finalidade é congregar cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado à pessoa com câncer.
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