Dr. Rafael responde: quais os fatores de risco do câncer de pele?

Dr. Rafael responde: quais os fatores de risco do câncer de pele?

Por: PUBLICADO EM: 17 dez 2021

Falar sobre o Câncer ainda envolve a quebra de tabus. Muitas pessoas não aceitam sequer pronunciar o nome da doença. Mas, como sempre gostamos de lembrar, a informação é uma das principais ferramentas para evitar os fatores de risco para o Câncer de Pele ou qualquer outro tipo da doença.

Por isso, convidamos o Dr. Rafael Oliveira, Cirurgião Oncológico, que também é Diretor de Comunicação da SBCO, para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre as causas do Câncer de pele e como evitá-las, com dicas preciosas sobre o uso correto do protetor solar.

Os fatores de risco para o Câncer de pele

O Câncer de pele é o que mais acomete os brasileiros, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer). Atualmente, a estatística mostra o registro de mais de 185 mil casos da doença todos os anos.

E, ainda que a sua maioria seja o chamado não melanoma, que pode ser controlado com mais sucesso, existe a possibilidade de a doença evoluir e se tornar mais grave. Por isso, é fundamental saber mais sobre o Câncer de pele, conhecer os fatores de risco e as medidas adequadas para a prevenção.

Qual deve ser a maior preocupação quando se fala em Câncer de Pele?

A maior preocupação deve ser o cuidado com a alta exposição à radiação ultravioleta. O Brasil é um território com alta concentração de raios UV. Dessa forma, a atenção deve ser redobrada.

Entre os agravantes, estão a posição geográfica e a altitude de algumas cidades — já que, quanto mais próxima à linha do Equador e mais alta a localidade, maior a concentração de raios ultravioletas.

Existe predisposição genética ao desenvolvimento da doença?

Os cânceres de pele melanoma e não melanoma podem ser familiares. No entanto, apenas uma pequena porcentagem dos casos são hereditários e um risco aumentado de desenvolver a doença pode ser transmitido de pais para filhos.

Estima-se que cerca de cinco a dez por cento dos casos de melanoma são causados por uma variante do gene patogênico, ou alteração na sequência de um gene. Há, ainda, várias síndromes hereditárias também estão associadas ao desenvolvimento de cânceres de pele não melanoma.

Algum tipo de pele que seja mais suscetível ao Câncer de pele?

Em todas as peles, existe uma proteína chamada melanina, que é responsável por colorir a pele e os pêlos dos seres humanos e também por proteger o DNA das células contra a radiação ultravioleta que o sol emite. Nas peles claras, essa substância está presente em uma quantidade menor em comparação às peles escuras. Ou seja, quanto mais clara a pele, menos protegida ela está. Consequentemente, maior é o risco.

Qual a influência dos raios UVA e UVB para o Câncer de Pele?

A radiação UV faz parte da energia natural produzida pelo sol. No espectro eletromagnético, a luz ultravioleta tem comprimentos de onda mais curtos do que a luz visível. Então, seus olhos não podem ver os raios ultravioleta, mas sua pele pode senti-los. Atualmente, já temos comprovação de que dois tipos de luz ultravioleta contribuem para o risco de câncer de pele:

Ultravioleta A (UVA) tem um comprimento de onda mais longo e está associado ao envelhecimento da pele.

Ultravioleta B (UVB) tem um comprimento de onda mais curto e está associado a queimaduras na pele.

Embora os raios UVA e UVB difiram na forma como afetam a pele, ambos causam danos. A exposição desprotegida aos raios UVA e UVB danifica o DNA nas células da pele, produzindo defeitos genéticos ou mutações que podem levar ao câncer de pele (bem como ao envelhecimento prematuro).

A radiação UVB é a responsável pela síntese de vitamina D na pele, mas ela também causa queimaduras. Diferente da UVA, a UVB não é ativa durante o ano todo, e fica muito mais forte no verão do que no inverno.

A radiação UVA não tem relação com a produção de vitamina D e não causa queimaduras, mas é responsável por envelhecimento precoce, descoloração e rugas, isso pelo fato de penetrar mais profundamente na pele.

Em algum horário do dia os raios UV são benéficos?

Um tempo de permanência ao sol entre 5 a 15 minutos antes das 10h e após as 15h, de 2 a 3 vezes por semana, costuma ser suficiente para a produção de vitamina D no corpo.

Quais as recomendações com relação ao uso de protetor solar?

O filtro solar deve ser aplicado todos os dias, mesmo quando estiver nublado, no mínimo 30 minutos antes da exposição solar. Além disso, é fundamental reaplicar a cada 3 horas e lembrar que esse intervalo passa para 2 horas, em casos de transpiração excessiva, exposição solar prolongada ou após sair da água, por exemplo.


A quantidade de protetor solar indicada para cada parte do corpo é:

  • uma colher de chá de protetor solar no rosto, no pescoço e na cabeça;
  • uma colher de chá de protetor para a parte da frente do tronco e outra para a parte de trás;
  • uma colher de chá para cada braço;
  • uma colher de chá para a parte da frente de cada perna e outra para a parte de trás de cada perna.

É melhor a barreira química ou física? Por quê?

Não existe medida fotoprotetora que, isoladamente, ofereça proteção plena. Neste sentido, o ideal — e o recomendado pelas especialidades médicas envolvidas —, é que as medidas de proteção, sejam elas mecânicas ou químicas, atuem em conjunto na estratégia de prevenção ao câncer de pele.

Existem exames preventivos? Como são realizados e qual o intervalo ideal entre eles?

Não existem exames preventivos formais para o câncer de pele. Porém, o sinal de alerta deve acender quando surgem manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram e também em caso de feridas que não cicatrizam em quatro semanas. Em geral, esses sintomas podem ser indicativos do câncer de pele não melanoma, que ocorre principalmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas.

Existe uma prática, chamada regra do ABCDE, utilizada para nos auxiliar no diagnóstico de lesões malignas e benignas. É um método que pode ser adotado pelos próprios pacientes para reconhecer qualquer mudança ou sinais suspeitos. Assim, podem saber a hora de buscar ajuda médica. E é bem simples:

A de Assimetria

Lesões benignas são normalmente simétricas. Ou seja, ao dividir o sinal ao meio, observamos um lado igual ao outro. Em contrapartida, lesões com características malignas têm uma metade diferente da outra e possuem uma forma assimétrica.

B de Borda

Lesões benignas normalmente apresentam bordas regulares, enquanto que as malignas apresentam uma borda irregular, ondulada ou mal definida.

C de Cor

Geralmente as benignas possuem um único tom. Já nas malignas, a cor varia de uma área para outra — pode ser bege, marrom ou preta. Em alguns casos, a lesão pode ser branca, vermelha ou azul.

D de Diâmetro

Lesões benignas são menores que 6 milímetros de diâmetro. Quando diagnosticados, lesões malignas costumam ter mais do que esse tamanho.

E de Evolução

Devemos acompanhar uma lesão ou parte da pele que seja diferente e apresente mudança de tamanho, forma ou cor.

A evolução de um sinal é de extrema importância. Muitas vezes, a olho nu, não conseguimos observar mudanças mínimas em uma mancha, pinta ou sinal. No entanto, essas pequenas alterações já se tratam de evolução para malignidade. Por isso, usamos métodos como a dermatoscopia, que aumenta o índice de diagnóstico em fases iniciais, com melhor prognóstico.

A importância do diagnóstico do Câncer de pele

Como o Dr. Rafael nos apontou, além de evitar os fatores de risco para o Câncer de pele, é fundamental estar atento ao diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a doença for detectada, maiores são as chances de sucesso do tratamento, que normalmente se dá pela cirurgia oncológica para o câncer de peleou outros procedimentos clínicos e com fármacos, dependendo da evolução da doença.

Neste sentido, reforçamos a nossa postura de proporcionar informação de qualidade a cada vez mais pessoas para conscientização sobre os fatores de risco dos mais diversos tipos de Câncer. Por isso, o convidamos para seguir nosso perfil no Instagram ou no Facebook e acompanhar mais conteúdos sobre cirurgia oncológica também aqui, no blog da SBCO. Conte sempre conosco.

Autor:
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica – SBCO é uma sociedade civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, fundada em 31 de maio de 1988, cuja finalidade é congregar cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado à pessoa com câncer.
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