A pesquisa translacional é praticada no mundo todo, inclusive, no Brasil. Também chamada de medicina translacional ou ciência translacional, sua origem está associada às pesquisas realizada no Instituto Nacional de Câncer norte-americano (NCI, na sigla em inglês).
Neste artigo, falamos mais a respeito desse assunto que beneficia tanto portadores de doenças, como a população em geral. Vale a pena conferir!
Afinal, o que é pesquisa translacional?
A pesquisa translacional conecta pesquisa biomédica básica à inovação em saúde, demonstrando como uma descoberta feita em laboratório pode ser aplicada na prática clínica. Além disso, utiliza observações das populações estudadas para auxiliar as pesquisas feitas em laboratório. Desse modo, potencializa o desenvolvimento de insumos (como medicamentos e vacinas),serviços, processos e políticas da área médica, em benefício da população.
Portanto, em última análise, ela busca conectar o que se descobre nas bancadas dos laboratórios aos/às pacientes e pessoas em geral. Para isso, passa por uma complexa rede, que envolve:
- pesquisa científica;
- desenvolvimento tecnológico;
- pesquisa clínica;
- processo produtivo industrial;
- regulações;
- comercialização;
- sistemas de saúde.
Na área da oncologia, a pesquisa translacional se concentra tanto na prevenção de riscos e detecção precoce, como nas necessidades dos/as pacientes. Mas, para avançar ainda mais, a interação entre a academia, o governo, as agências de fomento e as indústrias (farmacêuticas, biotecnológicas, entre outras) precisa ser cada vez mais funcional.
Como funciona a pesquisa translacional em câncer?
A pesquisa translacional pode ser feita por qualquer instituição especializada em oncologia. Por exemplo: no Brasil, o grupo de Pesquisa Translacional em Câncer, conduzido pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA),dedica-se às seguintes áreas:
- cânceres em mulheres;
- câncer de pulmão;
- farmacogenética;
- estudos funcionais de variantes genéticos e a sua associação ao câncer;
- alterações bucais em pacientes com câncer.
Dentro desse grupo, a divisão de Pesquisa Translacional e Aplicação Diagnóstica tem como missão relacionar os achados da biologia básica para o benefício clínico de pacientes oncológicos. Essa translação engloba desde os mecanismos de prevenção, passando pelo diagnóstico da doença, até o tratamento. Para tanto, utilizam-se os dados obtidos para formular novos produtos diagnósticos para o câncer e para a detecção de agentes infecciosos oncogênicos.
O programa de Genética e Virologia Tumoral, que integra a divisão de Pesquisa Translacional e Aplicação Diagnóstica, tem como linhas de pesquisas dois temas fundamentais:
- identificação e caracterização de variantes genéticas de origem germinativa, que estão associadas à predisposição ao desenvolvimento de tumores;
- papel dos agentes biológicos virais no desenvolvimento de tumores malignos.
Nessas linhas de pesquisas, estudam-se fatores genéticos (tanto dos homens, quanto dos vírus) que:
- revelem aspectos essenciais sobre a biologia do câncer;
- ou que possam ser alvos de ações terapêuticas e/ou de prevenção.
Já o programa Terapia Celular e Gênica, que também compõe a divisão de Pesquisa Translacional e Aplicação Diagnóstica, busca desenvolver pesquisas multidisciplinares na área das terapias avançadas. Isso inclui terapias celulares, imunoterapias e terapias gênicas.
Nesse caso, o objetivo é caracterizar os tumores malignos em seus aspectos celulares e moleculares e descrever suas interações com o sistema imunológico. Assim, pode-se basear o desenvolvimento de terapias celulares e gênicas que ofereçam respostas antitumorais satisfatórias.
Como é a jornada dos laboratórios às aplicações clínicas?
Como explicado, a pesquisa translacional conecta as descobertas da pesquisa básica, realizada nos laboratórios, à aplicação clínica (ou seja, aos problemas médicos). Porém, esse processo não é direto, mas permeado por etapas que promovem a segurança dos/as pacientes e a eficácia das descobertas.
Na prática, funciona assim: suponhamos que um pesquisador “básico” identifica um gene que parece um candidato promissor à terapia alvo. Quando isso ocorre, os pesquisadores “translacionais” avaliam inúmeros compostos para chegar à combinação ideal, levando ao desenvolvimento de um novo medicamento.
Para tanto, os diversos compostos são testados em modelos laboratoriais. Com base nos resultados, determinam-se as doses adequadas, os efeitos colaterais e outras informações cruciais. Só então, com a devida segurança atestada, começam os ensaios clínicos (teste de medicamentos),realizados em seres humanos.
Mas, atenção: embora o caminho da pesquisa translacional indique um modelo aparentemente linear (com começo, meio e fim),na verdade, o processo é contínuo e bidirecional.
Isso porque, as fases são interdependentes, exigindo feedbacks constantes. Além disso, exige a colaboração entre cientistas de diversas áreas, pois exige uma avaliação global dos avanços e limitações.
Para concluir, a pesquisa translacional acelera o desenvolvimento de tratamentos inovadores, cada vez mais personalizados e efetivos. Trata-se, em última análise, de agilizar a transformação de conhecimentos em novos recursos em prol da saúde.
Gostaria de saber mais sobre o assunto? A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) conta com uma comissão científica dedicada ao tema, a Comissão Científica de Pesquisa Translacional – além de membros presentes por todo o Brasil. Utilize nossa ferramenta de busca e encontre um/a especialista perto de você!