O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, para cada ano do triênio 2023, 2024 e 2025, surjam 10.990 novos casos de câncer de esôfago. Desses, 8.200 serão diagnosticados em homens e 2.790 em mulheres. Geralmente, o tratamento consiste na ressecção cirúrgica do tumor, seja com objetivo curativo ou paliativo.
Neste artigo, explicamos como é a cirurgia de câncer esofágico, quando é indicada e o que influencia as chances de cura. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!
Como é a cirurgia para câncer de esôfago?
O tratamento cirúrgico para câncer de esôfago consiste na remoção do tumor e da margem de segurança (área adjacente com tecido normal). Em alguns casos, antes de realizá-lo pode ser preciso fazer algumas sessões de radioterapia ou quimioterapia (terapias neoadjuvantes).
Assim, a esofagectomia é a retirada, parcial ou total, do esôfago e, por vezes, de uma porção do estômago. Existem duas formas de realizá-la:
- esofagectomia transhiatal ou transdiafragmática, na qual o esôfago é removido por meio de incisões no abdômen e no pescoço, sendo bastante empregada no tratamento de adenocarcinomas (tipo de tumor esofágico mais incidente);
- esofagectomia transtorácica, na qual o órgão é retirado através de incisões no tórax e no abdômen, sendo mais utilizada no tratamento de carcinomas de células escamosas.
Vale destacar que ambas as técnicas podem ser realizadas:
- por via aberta ou convencional, a qual exige incisões maiores;
- de maneira minimamente invasiva, com o emprego de um endoscópio ou laparoscópico, possibilitando incisões bem menores.
Saiba mais: Cirurgia oncológica do aparelho digestivo
Seja qual for a técnica adotada, é preciso fazer a remoção dos linfonodos (gânglios linfáticos que filtram substâncias tóxicas) adjacentes. Uma vez retirados, essas estruturas seguem para a biópsia. Se o resultado do exame anatomopatológico indicar que houve disseminação da doença, recomenda-se a realização de um tratamento complementar, como a radioterapia ou a quimioterapia.
Como fica o trânsito alimentar após a esofagectomia?
O esôfago faz a ligação entre a garganta e o estômago, sendo fundamental no processo digestivo. Para reconstruir o canal e viabilizar o trânsito alimentar, o cirurgião pode elevar o estômago até a porção remanescente do tubo esofágico, conectando-os na região torácica ou cervical.
Outra possibilidade é confeccionar um novo tubo gástrico com tecidos extraídos de outros órgãos do sistema digestivo, como estômago, intestino delgado ou intestino grosso. A estrutura deve ter curvatura adequada e calibre similar ao do esôfago original, sendo suturada manualmente ou com o uso de grampeadores automáticos.
Em quais casos o procedimento é indicado?
A escolha da terapêutica mais adequada para tratar o câncer de esôfago se baseia no estadiamento e nas condições de saúde geral do paciente. Assim, a cirurgia costuma ser indicada para portadores de tumores em estágios iniciais e tem objetivo curativo.
Para tumores em estágio 0, também chamados de lesões pré-cancerígenas, pode-se recomendar a remoção do tumor por esofagectomia ou via ressecção endoscópica da mucosa. Outras opções terapêuticas são a terapia fotodinâmica e a ablação por radiofrequência, também realizadas por endoscopia.
Para tumores em estágio I, sem comprometimento de outros órgãos ou dos linfonodos, costuma-se realizar a ressecção endoscópica da mucosa. Dependendo das características, pode-se indicar, ainda, algumas sessões de quimioirradiação (prévias ou posteriores ao procedimento).
Para tumores em estágios II e III, quando houve disseminação para linfonodos e para órgãos próximos, geralmente, indica-se a quimioirradiação seguida de cirurgia. Mas, em caso de tumores pequenos, pode-se realizar o tratamento cirúrgico isolado.
Já para tumores em estágio IV, com metástases à distância, busca-se aliviar os sintomas e retardar a progressão da doença com tratamentos não cirúrgicos. É o caso da radioterapia, da quimioterapia, da imunoterapia ou da terapia alvo, muitas vezes, realizadas associadamente.
Além disso, em estágios muito avançados é possível indicar um procedimento cirúrgico com intuito paliativo, visando melhorar a qualidade de vida do paciente. É o caso, por exemplo, da cirurgia para colocação de sonda de alimentação.
Quais são as chances de cura após a cirurgia?
A esofagectomia é considerada o tratamento-padrão para a neoplasia de esôfago ressecável. Mas, a probabilidade de curá-la depende do estadiamento (estágio da doença),bem como do tipo de tumor e das condições clínicas do paciente.
Via de regra, quanto mais cedo for o diagnóstico e o início do tratamento, maiores as chances de curar o câncer de esôfago. Para isso, é importante contar com um(a) cirurgião(ã) oncológico(a) e seguir suas orientações!
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