A cirurgia de câncer peritoneal é realizada tanto para o diagnóstico e estadiamento da doença, como para o seu tratamento. Sua execução pode ser exclusiva ou multimodal — nesse caso, associada à quimioterapia e/ou à terapia alvo. Segundo diversos estudos, a abordagem multimodal costuma tornar as terapêuticas mais efetivas.
Neste artigo, mostramos em quais casos o procedimento é indicado e como é realizado. Explicamos, também, como é o prognóstico desse tipo de neoplasia. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas.
Como é a cirurgia no câncer peritoneal?
A cirurgia de câncer peritoneal é realizada tanto para o diagnóstico e estadiamento da doença, como para o seu tratamento. Sua execução pode ser exclusiva ou multimodal — nesse caso, associada à quimioterapia e/ou à terapia alvo. Segundo diversos estudos, a abordagem multimodal costuma tornar as terapêuticas mais efetivas.
Quando o tratamento é indicado?
A cirurgia do câncer de peritônio é indicada para diagnosticar a doença e determinar o seu estadiamento. Para isso, realiza-se uma biópsia, a qual pode ser feita via laparoscopia (técnica minimamente invasiva) ou laparotomia (técnica aberta tradicional).
Além disso, o procedimento também é recomendado para o tratamento da doença, por meio da ressecção do tumor maligno. Para tanto, costuma-se remover, ainda, as margens de segurança (tecidos saudáveis ao seu redor) e os linfonodos próximos (linfadenectomia).
Dependendo do estágio, local de origem e extensão da doença, bem como da idade e do estado clínico geral do paciente, a abordagem cirúrgica pode:
- ter objetivo curativo, por meio da remoção de todos os tumores ressecáveis e macroscopicamente visíveis;
- ou ter objetivo paliativo, para promover o alívio dos sintomas e a melhora da qualidade de vida do paciente.
Como a cirurgia citorredutora é realizada?
A peritonectomia, também chamada cirurgia citorredutora, é o procedimento cirúrgico para tratamento do câncer peritoneal. Ela consiste na ressecção de blocos de tecidos, vísceras e/ou de órgãos adjacentes afetados, bem como de tumores peritoneais macroscópicos (maiores do que 2,5 mm).
No entanto, quando a excisão se mostra muito difícil (caso de tumores irressecáveis) ou se há muitas lesões metastáticas extra-abdominais, a operação não é possível. Dessa forma, para definir os candidatos aptos a realizá-la, o/a cirurgião(ã) oncológico considera o índice de carcinomatose peritoneal. Na prática, trata-se de uma medida que quantifica a extensão do tumor e seu grau de agressividade.
Ao mesmo tempo, como já mencionado, leva-se em conta o estado de saúde geral do paciente, o qual é avaliado por uma equipe multidisciplinar. Por último, outro elemento imprescindível é a habilidade cirúrgica do profissional responsável, o qual deve ser proficiente em eletrocirurgia.
Vale destacar que, ao contrário das dissecções com tesoura e faca, que podem disseminar as células cancerígenas pelo abdômen, a eletrocirurgia reduz o risco de doença remanescente. Fora isso, a técnica minimiza a perda de sangue durante a operação, o que aumenta a segurança em procedimentos de longa duração.
Assim, quando corretamente indicada e realizada, a cirurgia de câncer peritoneal gera diferentes pontuações de integridade da citorredução. Essa pode ser:
- zero, quando não há doença residual;
- 1, quando a doença residual é mínima, com tumores menores do que 2,5 mm;
- 2, quando a doença residual está um pouco mais avançada, com tumores entre 2,5 mm e 2,5 cm;
- 3, quando ainda há doença residual, pois o tumor restante tem mais do que 2,5 cm.
A escolha do tratamento para combater a doença residual também é individualizada, baseada nas características de cada paciente. Na maioria das vezes, indica-se a quimioterapia intraperitoneal ou sistêmica.
Quais são as chances de controle após o procedimento?
Atualmente, a melhor compreensão do funcionamento do peritônio, o avanço nas técnicas terapêuticas e o conhecimento das formas de disseminação da doença melhoraram o prognóstico. Assim, na ausência de comorbidades sistêmicas extensas e/ou descompensadas, em tumores peritoneais primários, o controle regional é satisfatório. Já no caso de tumores peritoneais secundários, os quais, na maioria das vezes, são decorrentes de metástases de neoplasias ginecológicas ou gastrointestinais, o prognóstico costuma ser mais complicado.
Quando a realização da cirurgia de citorredução não é possível, o prognóstico é desfavorável. Nesses casos, a taxa de sobrevida após o diagnóstico da neoplasia primária varia de 11 a 17 meses. Na doença secundária, a expectativa média é de 6 meses.
Em suma, a cirurgia de câncer peritoneal é um procedimento complexo, mas potencialmente curativo, desde que indicado para pacientes específicos. Além disso, sua realização exige um alto nível de capacitação técnica do(a) cirurgião(ã). Isso porque, é preciso que o/a profissional responsável esteja familiarizado com a anatomia de toda a cavidade abdominal e demais regiões afetadas.