Câncer e disfunção erétil é um assunto delicado, mas que precisa ser abordado. Afinal, muitos pacientes oncológicos submetidos a determinadas cirurgias na região pélvica apresentam o problema ou, na melhor das hipóteses, algum grau de comprometimento da ereção. A boa notícia é que é possível recuperá-la!
Neste artigo, mostramos quais procedimentos têm mais chances de prejudicar a função sexual, porque isso ocorre e como tratar o distúrbio. Se você ou um ente querido está passando por isso, vale a pena conferir!
Quais cirurgias oncológicas podem levar à disfunção erétil?
Diversas cirurgias oncológicas podem interferir na função erétil. As mais propensas são:
- prostatectomia radical, o procedimento realizado para retirada da próstata e das vesículas seminais, devido ao câncer de próstata;
- cistectomia radical, para remoção da bexiga, uretra superior, próstata e vesículas seminais, devido ao câncer de bexiga;
- ressecção abdominoperineal, para retirada da parte inferior do cólon e do reto, devido ao câncer colorretal;
- excisão total do mesorreto, para remoção do reto e do mesorreto (tecidos de sustentação),devido ao câncer retal;
- exenteração pélvica total, para retirada da bexiga, próstata, vesículas seminais e reto, devido ao câncer de cólon avançado.
Quais são as causas do problema?
A principal causa da disfunção erétil após uma cirurgia oncológica é a lesão nos feixes vásculo-nervosos, responsáveis pela ereção. Todos os procedimentos citados anteriormente podem lesioná-los, deixando a função erétil enfraquecida ou completamente perdida.
Para evitar esse cenário, os/as cirurgiões/ãs oncológicos/as optam, sempre que possível, pela preservação dos feixes. Mas, é importante esclarecer que, mesmo quando poupados, essas estruturas acabam sendo impactadas pela cirurgia, precisando de um tempo para se recuperar — em média, dois anos.
Além disso, existem outros fatores que afetam a função erétil após uma cirurgia oncológica. São eles:
- idade avançada;
- má qualidade da função erétil anterior à cirurgia;
- doença de Peyronie (curvatura peniana excessiva).
Quais são as chances de desenvolver o quadro?
As taxas de ocorrência da disfunção erétil pós-cirurgia oncológica variam conforme a técnica empregada. O que se pode notar é que, nas abordagens minimamente invasivas (laparoscópica e robótica),há:
- uma menor taxa de disfunção erétil pós-operatória;
- uma recuperação mais rápida das ereções.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) reforça que a cirurgia robótica apresenta menor risco de complicações, além de menor permanência hospitalar e retorno mais rápido à rotina. Isso, vale destacar, tanto comparada à cirurgia pélvica aberta como à videolaparoscopia sem assistência robótica.
Saiba mais em: Cirurgia robótica para câncer: quando é indicada?
Um aspecto positivo é que, na última década, o conhecimento acerca da anatomia do pênis e da distribuição dos nervos cavernosos (que atuam na ereção) aumentou. Ao mesmo tempo, a ampliação visual e maior liberdade de movimentos trazidas pela cirurgia robótica vêm possibilitando dissecções cirúrgicas mais precisas. Com isso, as chances de remover o câncer sem comprometer os feixes vásculo-nervosos aumentaram consideravelmente!
O que fazer caso o apresente?
Como explicado, mesmo que o/a cirurgião/ã promova a preservação vásculo-nervosa, a função sexual pode demorar dois anos (ou mais) para ser restabelecida. Ao longo desse período, para prevenir o enfraquecimento dos tecidos penianos e, consequentemente, a impossibilidade de voltar a ter ereções naturalmente, indica-se a realização da reabilitação peniana pós-cirúrgica.
A ideia é promover ereções suficientes para a penetração, por meio de diferentes métodos, iniciando o tratamento após algumas semanas ou meses da cirurgia. Isso pode ser feito com o uso de medicamentos (com tadalafil, sindenafil ou vardenafil),em média, duas a três vezes por semana. Se não houver resposta, pode-se indicar as injeções penianas ou os dispositivos de contrição a vácuo.
Passado o período de reabilitação, a função erétil deve retornar. No entanto, vale lembrar que o estresse e a ansiedade, devido à preocupação com a autoimagem e/ou com o desempenho sexual, também podem afetar a ereção. Por isso, em alguns casos, a ajuda de um terapeuta sexual pode ser necessária para restabelecer, plenamente, a função erétil.
Leia também: Cirurgia oncológica e tratamento multidisciplinar: entenda a importância
Por que é importante realizar o tratamento?
Tratar a disfunção erétil após a cirurgia oncológica é imprescindível para manter a autoestima do homem, bem como favorecer sua qualidade de vida. Como mostrado, este deve ser um cuidado multidisciplinar, que faz parte do pós-operatório de cirurgias oncológicas na região pélvica.
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