Os tumores do peritônio podem ser primários, quando se desenvolvem na membrana peritoneal, ou secundários, quando são metástases de um câncer originado em outro local. Estima-se que mais de 90% dos casos façam parte do segundo grupo, ou seja, tratam-se de um câncer disseminado no peritônio (chamado carcinomatose peritoneal secundária).
Neste artigo, mostramos como é realizado o diagnóstico da doença e quais são as opções de tratamentos disponíveis. Boa leitura!
Como é a incidência do câncer peritoneal?
Como explicado, tumores peritoneais primários, iniciados na membrana que reveste a cavidade abdominal, são mais raros. Entre eles, os tipos mais incidentes são:
- carcinoma seroso, prevalente em mulheres que estão na pós-menopausa;
- mesotelioma, o qual pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e ambos os sexos.
Já os tumores secundários são mais frequentes e seus tipos variam conforme o local a partir do qual a doença se disseminou. Geralmente, trata-se do avanço de tumores nos ovários, mamas, pâncreas, estômago, entre outros órgãos.
Como é o diagnóstico dos tumores do peritônio?
Para diagnosticar os tumores peritoneais e definir seu estadiamento (tipo, localização e estágio de desenvolvimento) é preciso realizar:
- anamnese, revisando o histórico pessoal e familiar, bem como os hábitos de vida;
- exame clínico, considerando os sinais e sintomas apresentados e fazendo uma inspeção física do abdômen e da pelve, com o objetivo de encontrar anormalidades;
- alguns exames laboratoriais e de imagem complementares.
Em relação aos últimos, pode-se incluir:
- ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética do abdômen;
- testes de marcadores tumorais, como CA-125 (usado para identificar tumores do peritônio e dos ovários),CEA, CA 19-9, CA 15-3, entre outros;
- biópsia, feita por laparotomia (cirurgia aberta da cavidade abdominal) ou laparoscopia (intervenção cirúrgica minimamente invasiva, realizada com pequenas aberturas no abdômen),seguida da análise laboratorial histopatológica;
- paracentese, remoção do líquido acumulado no abdômen para subsequente análise microscópica.
A partir dos achados, define-se o estadiamento. Os tumores primários geralmente são encontrados no estágio 3 (confinados à cavidade peritoneal) ou estágio 4 (disseminados). Já os tumores secundários podem ter:
- estágio 0, quando não há doença macroscópica;
- estágio 1, quando a lesão é menor do que 5 mm e localizada;
- estágio 2, quando a lesão é menor do que 5 mm, mas está espalhada no abdômen;
- estágio 3, quando a lesão é maior do que 5 mm e menor do que 2 cm;
- estágio 4, quando a lesão é maior do que 2 cm.
Quais são os tratamentos em caso de confirmação?
A estratégia de tratamento é multimodal e varia conforme o estadiamento, a idade e as condições de saúde gerais do paciente. Assim, a principal abordagem para os tumores do peritônio é a cirurgia. Nesse caso, remove-se toda a doença visível, o que pode levar à retirada de tecidos e órgãos, como ovários, trompas de Falópio, útero, entre outros.
Muitas vezes, o tratamento cirúrgico é associado à quimioterapia. Essa pode ser administrada:
- por injeção venosa (sistêmica),com ciclos realizados em ambiente ambulatorial;
- de forma intraperitoneal, através de um cateter posicionado na região da cirurgia;
- via quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC),na qual a medicação aquecida é colocada no peritônio no momento da cirurgia.
Aqui, cabe uma observação. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) lutou por anos para que a HIPEC fosse coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2022, o tratamento foi aprovado pelo Ministério da Saúde para algumas indicações.
Além disso, principalmente em quadros de tumores de peritônio primários avançados, outras terapêuticas podem ser indicadas. É o caso da terapia alvo e da hormonioterapia.
Existem, também, os cuidados paliativos, os quais são indicados em casos muito avançados. Nesse tipo de abordagem, objetiva-se aliviar os sintomas da doença, tais como dor, ascite, perda de peso, entre outros.
Como é o prognóstico da doença?
Há até pouco tempo, o câncer peritoneal era visto como “sentença” de morte, pois como passa muito tempo assintomático, costuma ser diagnosticado em estágios avançados. A isso, soma-se o agravante de que os tumores do peritônio tendem a se disseminar rapidamente, pois essa membrana é rica em linfa (líquido que circula no sistema linfático) e sangue.
Graças aos aprimoramentos nas cirurgias oncológicas e nos tratamentos quimioterápicos, esse cenário vem mudando. Hoje em dia, as chances de cura são bem maiores. Mas, para favorecê-las, como em qualquer tipo de neoplasia, quanto mais cedo for descoberta a doença e iniciado o tratamento, melhor o prognóstico. Portanto, quando existe a suspeita ou a confirmação de tumores do peritônio, procure um(a) cirurgião(ã) oncológico o mais breve possível!
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