Como é feito o diagnóstico de tumores do peritônio?

Como é feito o diagnóstico de tumores do peritônio?

Por: PUBLICADO EM: 14 jun 2023

Os tumores do peritônio podem ser primários, quando se desenvolvem na membrana peritoneal, ou secundários, quando são metástases de um câncer originado em outro local. Estima-se que mais de 90% dos casos façam parte do segundo grupo, ou seja, tratam-se de um câncer disseminado no peritônio (chamado carcinomatose peritoneal secundária).

Neste artigo, mostramos como é realizado o diagnóstico da doença e quais são as opções de tratamentos disponíveis. Boa leitura!

Como é a incidência do câncer peritoneal?

Como explicado, tumores peritoneais primários, iniciados na membrana que reveste a cavidade abdominal, são mais raros. Entre eles, os tipos mais incidentes são:

  • carcinoma seroso, prevalente em mulheres que estão na pós-menopausa;
  • mesotelioma, o qual pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e ambos os sexos.

Já os tumores secundários são mais frequentes e seus tipos variam conforme o local a partir do qual a doença se disseminou. Geralmente, trata-se do avanço de tumores nos ováriosmamaspâncreasestômago, entre outros órgãos.

Como é o diagnóstico dos tumores do peritônio?

Para diagnosticar os tumores peritoneais e definir seu estadiamento (tipo, localização e estágio de desenvolvimento) é preciso realizar:

  • anamnese, revisando o histórico pessoal e familiar, bem como os hábitos de vida;
  • exame clínico, considerando os sinais e sintomas apresentados e fazendo uma inspeção física do abdômen e da pelve, com o objetivo de encontrar anormalidades;
  • alguns exames laboratoriais e de imagem complementares.

Em relação aos últimos, pode-se incluir:

  • ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética do abdômen;
  • testes de marcadores tumorais, como CA-125 (usado para identificar tumores do peritônio e dos ovários),CEA, CA 19-9, CA 15-3, entre outros;
  • biópsia, feita por laparotomia (cirurgia aberta da cavidade abdominal) ou laparoscopia (intervenção cirúrgica minimamente invasiva, realizada com pequenas aberturas no abdômen),seguida da análise laboratorial histopatológica;
  • paracentese, remoção do líquido acumulado no abdômen para subsequente análise microscópica.

A partir dos achados, define-se o estadiamento. Os tumores primários geralmente são encontrados no estágio 3 (confinados à cavidade peritoneal) ou estágio 4 (disseminados). Já os tumores secundários podem ter:

  • estágio 0, quando não há doença macroscópica;
  • estágio 1, quando a lesão é menor do que 5 mm e localizada;
  • estágio 2, quando a lesão é menor do que 5 mm, mas está espalhada no abdômen;
  • estágio 3, quando a lesão é maior do que 5 mm e menor do que 2 cm;
  • estágio 4, quando a lesão é maior do que 2 cm.

Quais são os tratamentos em caso de confirmação?

estratégia de tratamento é multimodal e varia conforme o estadiamento, a idade e as condições de saúde gerais do paciente. Assim, a principal abordagem para os tumores do peritônio é a cirurgia. Nesse caso, remove-se toda a doença visível, o que pode levar à retirada de tecidos e órgãos, como ovários, trompas de Falópio, útero, entre outros.

Muitas vezes, o tratamento cirúrgico é associado à quimioterapia. Essa pode ser administrada:

  • por injeção venosa (sistêmica),com ciclos realizados em ambiente ambulatorial;
  • de forma intraperitoneal, através de um cateter posicionado na região da cirurgia;
  • via quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC),na qual a medicação aquecida é colocada no peritônio no momento da cirurgia.

Aqui, cabe uma observação. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) lutou por anos para que a HIPEC fosse coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2022, o tratamento foi aprovado pelo Ministério da Saúde para algumas indicações.

Além disso, principalmente em quadros de tumores de peritônio primários avançados, outras terapêuticas podem ser indicadas. É o caso da terapia alvo e da hormonioterapia.

Existem, também, os cuidados paliativos, os quais são indicados em casos muito avançados. Nesse tipo de abordagem, objetiva-se aliviar os sintomas da doença, tais como dor, ascite, perda de peso, entre outros.

Como é o prognóstico da doença?

Há até pouco tempo, o câncer peritoneal era visto como “sentença” de morte, pois como passa muito tempo assintomático, costuma ser diagnosticado em estágios avançados. A isso, soma-se o agravante de que os tumores do peritônio tendem a se disseminar rapidamente, pois essa membrana é rica em linfa (líquido que circula no sistema linfático) e sangue.

Graças aos aprimoramentos nas cirurgias oncológicas e nos tratamentos quimioterápicos, esse cenário vem mudando. Hoje em dia, as chances de cura são bem maiores. Mas, para favorecê-las, como em qualquer tipo de neoplasia, quanto mais cedo for descoberta a doença e iniciado o tratamento, melhor o prognóstico. Portanto, quando existe a suspeita ou a confirmação de tumores do peritônio, procure um(a) cirurgião(ã) oncológico o mais breve possível!

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Autor:
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica – SBCO é uma sociedade civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, fundada em 31 de maio de 1988, cuja finalidade é congregar cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado à pessoa com câncer.
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