A espiritualidade como pilar de apoio no tratamento do câncer

A espiritualidade como pilar de apoio no tratamento do câncer

Por: PUBLICADO EM: 04 abr 2024

Você sabia que a cooperação entre espiritualidade e tratamento do câncer vem sendo cada vez mais abordada na literatura médica? Na prática, a busca pelo transcendental favorece a manutenção e o fortalecimento do bem-estar e da saúde física, mental e social do(a) paciente oncológico(a).

Neste artigo, mostramos como a fé em algo superior pode ajudar na adesão aos cuidados requeridos em cada fase da doença, bem como na resiliência para enfrentá-las. Continue a leitura e saiba mais a respeito!

Qual é a relação entre espiritualidade e câncer?

Para alguns, a busca da espiritualidade (laica ou religiosa, independentemente da afiliação),está ligada à busca da existência eterna, para além da vida física e finita. Para outros, têm a ver com a necessidade de encontrar significado nas experiências e ter um propósito de vida. A espiritualidade, necessariamente, não está ligada religião ou religiosidade. Apesar de a religião ou as crenças pessoais, poderem ser aliadas do processo espiritual, porém em certas situações podem ser motivo de sofrimento, quando a abordagem se reveste de cunho proselitista, ou fundamentalista. O povo brasileiro, por ser bastante miscigenado do ponto de vista étnico, também o é no campo religioso.

Seja como for, no caso dos pacientes com câncer, e no adoecimento em geral, sabe-se que o alívio e o suporte decorrentes da inserção da espiritualidade promovem mais qualidade de vida. Além disso, refletem positivamente na melhora da saúde como um todo.

Isso porque, desenvolver o aprofundamento e conhecimento sobre a espiritualidade os ajuda a compreender e  aceitar sua condição, manter o equilíbrio e ter mais resiliência para enfrentar os desafios de cada etapa do tratamento. Afinal, em momentos em que é preciso adiar ou interromper projetos importantes, lidar com drásticas mudanças físicas e/ou, até mesmo, com a ameaça à vida, isso faz toda a diferença. Entendendo que o complexo conceito de saúde envolve os aspectos biopsicosocial e espiritual.

Vale destacar, ainda, a importância de de trazer para a vida a visão espiritualizada no pós-tratamento. Pois, isso os ajuda a entendê-la como uma oportunidade de crescimento e transformação, fazendo com que, em vez de ressentimento, manifestem gratidão pela vida.

Como a fé favorece o tratamento oncológico?

Sabe-se que em momentos de crise, como quando se recebe o diagnóstico de um câncer, muitas pessoas intensificam a sua fé. Mas, como isso favorece o tratamento oncológico?

Simples! Estudos mostram que altos níveis de espiritualidade estão ligados a menor incidência de hábitos nocivos. Ao mesmo tempo, relacionam-se à maior adesão farmacológica, à prática de atividades físicas regulares e à alimentação adequada. Tudo isso, certamente, ajuda a enfrentar a doença.

Além do mais, dado o seu caráter metafísico, a espiritualidade permite ter um maior equilíbrio emocional para atravessar cada etapa do tratamento. Dessa maneira, favorece a aceitação das orientações médicas e dos demais profissionais da saúde, o que é imprescindível para uma boa recuperação. Some-se a isso, a oportunidade de suporte por meios religiosos regulamentados (como a capelania),ou voluntários devidamente qualificados.

Sabe-se, ainda, que pessoas espiritualizadas têm menor risco de desenvolver problemas comumente relacionados a doenças graves, como ansiedade e depressão. Somados, esses fatores jogam a favor da cura ou, pelo menos, do aumento da sobrevida com mais qualidade de vida.

Como os(as) especialistas lidam com a questão da espiritualidade?

O tratamento oncológico é multidisciplinar. Assim, para além do(a) cirurgião(ã) oncológico(a) e do(a) oncologista clínico(a),há médicos(as) de outras especialidades, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e outros(as) profissionais envolvidos(as) e até mesmo os serviços atendidos por um voluntariado treinado.

Hoje em dia, os(as) especialistas mais capacitados não apenas respeitam, como acolhem as demandas de ordem espiritual que podem, eventualmente, ser apresentadas pelos pacientes oncológicos, se essa forma de fala for permitida ou até mesmo buscada. É o caso, por exemplo, do encaminhamento à capelania, ou outras modalidades de assistência espiritual, do incentivo para que o paciente busque ajuda em sua comunidade religiosa, familiar e social, entre outras possibilidades.

Ao mesmo tempo, esses(as) profissionais — humanizados(as) e devidamente preparados(as) — evitam a imposição de suas crenças e valores aos pacientes. Assim, o acolhimento e o cuidado espiritual precisam existir, mas sempre respeitando a fé ou crença de cada paciente, ou até mesmo a sua ausência, e sem atribui-la qualidades superestimadas, acima do que mostram os dados científicos.

Para tanto, recorre-se a uma espécie de espécie de abordagem espiritual/ religiosa ou de crenças, realizada na primeira consulta e refeita de forma progressiva, sempre que se fizer necessário. Trata-se, basicamente, de uma atenção aprofundada nos diálogos com os pacientes e familiares para colher informações sobre valores individuais e coletivos, visando facilitar a condução das conversas ao longo do tratamento.

Em suma, a espiritualidade é um recurso importante no enfrentamento ao câncer, fazendo parte do cuidado humanizado e integral, tanto no tratamento curativo como paliativo. Mas, para viabilizá-la e fortalecê-la, a equipe médica precisa oferecer uma escuta acolhedora, construindo um relacionamento e criando um verdadeiro vínculo com cada paciente e com todos os envolvidos no tratamento. Muitas vezes, as conversas são mais abertas e livres com outros componente do suporte terapêutico, e o estabelecimento de uma boa comunicação entre a equipe terapêutica é fundamental. Com isso, obtém-se uma melhora significativa na qualidade de vida, bem como na capacidade de enfrentamento da doença!

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Autor:
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica – SBCO é uma sociedade civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, fundada em 31 de maio de 1988, cuja finalidade é congregar cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado à pessoa com câncer.
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